Opinião

O que Bolsonaro, para seu próprio mal, insiste em lembrar.

O amor ao próximo não é um dos seus mandamentos.

Por Ricardo Noblat

Bolsonaro em posto de gasolina de BrasíliaHugo Barreto/Metrópoles
Por mais que pareça resignado em ouvir seus conselheiros de campanha, Bolsonaro só leva em conta o que possa reforçar suas convicções. Está convencido de que isso deu certo até aqui e de que dará até o último dia do seu mandato ou da sua vida.

Pegou muito mal para ele ter-se envolvido no caso do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu assassinado por um policial bolsonarista. O que ele fez? Solidarizou-se com os irmãos bolsonaristas do morto, mas não com a viúva e os filhos, todos petistas.

Pois Bolsonaro voltou a fazer algo parecido, ontem. Telefonou para os familiares do cabo da Polícia Militar Bruno Costa, de 38 anos, que morreu durante confronto no Complexo do Alemão, no Rio. Mas não telefonou para familiares dos outros 16 mortos.

A um jornalista que lhe perguntou por que não telefonou, respondeu: 

“Você se solidariza com essas pessoas, tá ok?”

Entre as outras pessoas, está Letícia Marinho Salles, de 50 anos, mãe de três filhos, morta com um tiro na cabeça. Perguntado se seria solidário com a família dela, retrucou:

“Não vou entrar em detalhe aqui. Não, não, não. Se essa mãe é inocente…, se eu ligar para todo mundo que morre todo dia, eu tô… Esse fato deu repercussão, é um cabo paraquedista, é meu irmão e ponto final. Parabéns à Polícia Militar aí”.

 
 
Na última quinta-feira (21), ele já havia aproveitado sua live semanal para lamentar a morte do cabo, sem mencionar os demais mortos. E aproveitou para jogar a culpa da chacina no Supremo Tribunal Federal:

“Nossos sentimentos à família, lamentamos o ocorrido, e obviamente, né. Até hoje, o Rio de Janeiro tem área de exclusão, onde a Polícia Militar não pode agir, por decisão do Supremo Tribunal Federal e a bandidagem cresce nessa área. E a Polícia Militar fica com dificuldade de combater esses marginais”.

Metrópoles

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