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O pioneiro Altamirando de Araújo Miranda conhecido como “Cavalo Véio” deixou um grande legado para Rondonópolis

Vamos conhecer um pouco da história deste pioneiro odontólogo cidadão rondonopolitano nascido na cidade de Macaúba no agreste do estado baiano. Suas amizades, seus feitos sua trajetória dignificante, um exemplo de desprendimento e fraternalismo principalmente para a nossa juventude. Saiba como surgiu o jargão “Cavalo Véio” que se popularizou na cidade e que até hoje é recebido por todos com muita simpatia e descontração. Jornal Folha Regional: Como foi a sua infância na pequena Macaúba no agreste baiano, qual a sua melhor lembrança? Altamirando: Foram bons tempos de infância em Macaúba eu e minhas irmãs Zeli Figueiredo Miranda e Juraci Araújo Miranda tivemos uma infância muito humilde, e a minha melhor lembrança daquele tempo é que nós sempre fomos muito felizes. JFR: Fale um pouco sobre a trajetória da família: Altamirando: Cheguei no Estado de Mato Grosso pela primeira vez em 1947 mais precisamente na cidade de Itiquira, onde permaneci por um período viemos na carroceria de um caminhão, que trazia mercadorias a viagem durou 9 dias. Eu estava com 17 anos de idade vim especialmente para conhecer meu pai Melchiades Figueiredo Miranda que estava aqui em Mato Grosso e fez uma brilhante carreira política ele era prefeito de Itiquira. A sua administração foi brilhante e muito colaborou no desenvolvimento desta região sul do estado. Após retornei para São Paulo, e mais tarde já na década 1960 vim definitivamente para Rondonópolis. Um fato inesquecível para o meu filho Alfredo de Castro que chegou aqui com 7 anos de idade. Ele saiu de Uberlândia MG junto com a mãe num vô de um DSC3 para Rondonópolis, eu aguardava a chegada deles e no aeroporto. Quando o avião taxeou ao descer ele viu a minha dificuldade para caminhar, eu havia me contundido ao conduzir a minha lambreta, e até hoje ele se lembra do transporte naqueles tempos não tinha automóvel, eu fui levado para casa numa charrete em meio a um grande poeirão. JFR: O que representou a cidade de Uberaba MG nessa sua caminhada? Altamirando: As lembranças de Uberaba são muito boas, lá eu entrei na faculdade de odontologia onde me formei, foram momentos inesquecíveis para um jovem que queria vencer e ser útil a sociedade. JFR: Depois de formado quais foram os seus primeiros passos? Altamirando: Eu fiquei um período em Uberaba, após fui para São Paulo, onde abri o meu consultório na capital, foi uma boa experiência para um recém formado, mas eu resolvi sair de São de São Paulo e vir para Rondonópolis afim de que eu pudesse crescer junto com a cidade continuar clinicando e a ajudar as comunidades. JFR: Em Rondonópolis você conseguiu se realizar em vários setores além da odontologia, fale um pouco sobre os seus projetos, qual a importância dos Patrulheiros? Altamirando: Logo quando cheguei aqui já na década de 1960 a minha primeira morada foi no Hotel Luzitano, um tempo depois construí na Mal. Rondon e posteriormente fui residir na Otávio Pitaluga. Eu a minha esposa Edith montamos uma trupe, ou seja uma pequena companhia de teatro, e ensaiamos durante meses a peça que se intitulava “Chica Boa” de autoria do dramaturgo e escritor Teodoro Bloch. A peça era apresentada no cinema da cidade naquele tempo com grande sucesso. O nosso intuito era ajudar a comunidade em especial “Os Patrulheiros” um agregado um grupo de crianças acima de 7 anos que nós dávamos apoio para que elas se interessassem pelos estudos e que conhecessem a importância do civismo. Eles tinham um uniforme muito bonito, com belas boinas estilo militar marchavam, tinham aula de ordem unida e assim eram educados com muito carinho. A nossa intenção sempre foi ajuda-los para que eles se tornassem mensageiros ou office boys. O dinheiro que nós arrecadávamos com as apresentações das peças era totalmente aplicado para o aperfeiçoamento e o crescimento do grupo infantil Patrulheiros. JFR: O sucesso das apresentações da peça chegou a extrapolar as fronteiras da cidade, como isso aconteceu? Altamirando: Naquela ocasião um jornalista ao passar por Rondonópolis conheceu o nosso projeto a nossa proposta beneficente, foi nos assistir e fez uma publicação deste trabalho num jornal de grande repercussão nacional em São Paulo. JFR: Um outro projeto que você realizou juntamente com a sua esposa Edith foi a Horta, uma plantação de hortifrutigranjeiros fale u m pouco sobre ele: Altamirando: Nós fizemos uma horta as margens do Rio Arareau, aproveitando as suas aguas límpidas, transparentes com o objetivo de distribuir frutas e verduras às famílias dos Patrulheiros. O ambiente e o clima era muito favorável havia uma intensa vegetação as frutas e verduras cresciam naturalmente, sem eu precisássemos colocar algum nutriente no solo. A horta foi muito útil para todos que tiveram muita fartura nas suas casas. JFR: O projeto Patrulheiros tinha uma parceria um apoio para que ele se desenvolvesse e se concretizasse definitivamente? Altamirando: Nós tínhamos uma ajuda dos E.U.A em especial da organização “Corpo da Paz” naquela ocasião a organização lutava contra a expansão do comunismo no Brasil e na América Latina. Era os tempos da guerra fria Estados Unidos e Rússia. Eu tinha um grande amigo americano Lyon Graff que muito nos ajudou na concretização dos nossos projetos. JFR: Como surgiu a expressão “Cavalo Véio” que ficou conhecida em toda a cidade de Rondonópolis? Altamirando: Essa expressão se firmou, quando eu comecei a chamar as pessoas de “Cavalo Véio”, não me lembro muito bem quando começou, para a minha surpresa ela teve uma grande abrangência na cidade, e em outras cidades por onde passei. Fiquei mais popularizado e a expressão “Cavalo Véio” virou sinônimo de simpatia e alegria. JFR: Me permita a intimidade, com todo o respeito, nos conhecermos há mais de 30 anos preciso me descontrair um pouco: Cavalo Véio, qual a importância da família? Cavalo Véio: Me casei 3 vezes, tenho 7 filhos: Altamirando Filho, Cristiano Araújo, Pedro Araújo, Zé Carlos do Pátio, Vânia Cecilia Araújo, Alfredo Araújo e Valéria Araújo. Tenho 18 netos e 4 bisnetos. Todos os meus filhos são maravilhosos, eu sou muito grato a toda a população de Rondonópolis. O meu filho Zé Carlos é prefeito da cidade faz um belo trabalho com muita dignidade, honestidade é uma pessoa correta no pensar no falar e no agir. A família é muito importante principalmente quando está toda unida. JFR: Cavalo Véio, você é um exemplo para os nossos jovens com a sua vivência nesses 88 anos pela sua experiência nessa sua trajetória de vida, hoje vemos em você um meninão que está sempre se lembrando das coisas boas que a vida lhe deu: Como foi a sua relação com a noite em Rondonópolis? eu sei que você nunca foi boêmio, mas foi um bom bebedor. Cavalo Véio: Eu sempre gostei da noite, adoro música, teatro dança frenquentava as noitadas da Ronda da Seresta e os muitos bares da cidade. Fiz muitos amigos cito alguns deles: O Gil Amaral, Antônio Carlos Perfeito, Costinha e o Maia, e o saudoso Dr. Nelson Pereira Lopes com quem eu tinha muitas discussões acirradas, ele era uma figura sensacional, um ser humano maravilhoso. Eu gostava de frequentar o restaurante Figueira, o antigo Bar do Roxinho, o bar do Dário. Joguei bola com o Afro Stefanini que naquela época era deputado federal. E por falar em política as disputas eram muito acirradas, mas sempre houve muito respeito entre os participantes candidatos e correligionários. JFR: Para nós foi uma honra entrevista-lo especialmente nesta edição de número 600 do Jornal Folha Regional. Nós agradecemos a sua atenção e consideração para com a nossa reportagem, e como última questão queremos que você deixe a sua mensagem aos jovens desta cidade: Cavalo Véio: À nossa juventude digo que uma das coisas mais importantes na vida são os estudos, só a educação pode desenvolver um país. O crescimento de uma nação depende do conhecimento científico e tecnológico, sem dúvida os jovens são o futuro do nosso país

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