Opinião

O Brasil precisa regulamentar as redes sociais para combater a violência crescente nas escolas

O aumento exponencial de casos de violência extrema nas escolas preocupa. Fato é que, nos últimos 20 anos, no Brasil foram registrados vinte e três ataques do tipo, dos quais 30% ocorreram somente no ano passado.

Esse estudo foi realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também apontou que foram mortos decorrentes da violência escolar entre 2002 e março de 2023: vinte quatro estudantes, quatro professores e dois profissionais de educação.

Muito dessa violência é impulsionada pelas redes sociais, o que preocupa ainda mais, sendo que o Brasil é o segundo pais do mundo que mais usa as redes sociais, com o brasileiro passando em média 46 horas por mês em redes sociais.

São muitas as formas que o mundo virtual tem para incentivar a violência entre os jovens e as crianças, mas, o bullying é o principal. Esse pode ocorrer de forma presencial ou através do cyberbullying, que é uma prática de utilização das redes sociais para a propagação de ofensas que levam a vítima a consequências de transtornos emocionais, ocasionando em alguns casos, o suicídio.

Para combater esse problema crescente se tem grande dificuldade, principalmente referente a falta de estrutura para identificação do agressor uma vez que este se esconde por trás de perfis falsos. Para isso é preciso que órgão responsáveis invistam cada vez mais nesse combate.

Existem diversos fatores que potencializam a violência protagonizada nas salas de aula, tais como: grupos extremistas nas redes sociais que disseminam o ódio e propagam esse tipo de ação violenta, a exposição ganha nesses tipos de atrocidades, a transferência do papel dos pais na educação de seus filhos e o consequente acúmulo de funções por parte do educador; a falta ou insuficiência de políticas públicas, resultando num sentimento de incapacidade por parte de toda sociedade.

Existe solução? Como dito pelo Nobel da Paz Nelson Mandela “’A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Está frase reflete a importância da educação como fator decisivo para uma mudança na sociedade.

Para acabar com a violência nas escolas, são necessárias 3 medidas:
• Que a escola acompanhe mais de perto os seus alunos, não somente na sala de aula mais nos relacionamentos nos recreios, através de observação pelos professores e psicólogos;
• Supervisão e acompanhamento pelos pais com mais participação na vida física dos filhos, mais controle sobre o mundo digital dos filhos, como onde está o meu filho, com quem e fazendo o que no mundo digital;
• Perceber qualquer problema de comportamento, os pais devem imediatamente procurar a ajuda de um psicólogo.

E o poder público tem a obrigação constitucional de criar e executar medidas de segurança para as nossas crianças, principalmente diante da nova realidade criada pelo mundo online e redes sociais.

É importante um amplo debate sobre a regulamentação dessas redes e ações como as medidas anunciada recentemente pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou uma portaria contendo novas obrigações para as plataformas de redes sociais, a norma traz medidas práticas e concretas de regulação do serviço prestado pelo setor, com foco específico na prevenção de violência contra escolas.

O debate é amplo, mas a militarização das escolas não é a solução, o que precisamos ampliar os sistemas de proteção em casa e nas escolas, criando políticas de convivência, que geram resultados entre os alunos e ampliar o fortalecimento de serviços de apoio à saúde mental, que é muito mais barato e eficiente do que investir em segurança.

Em resumo é muito ingênuo achar que família ou escola sozinhas vão dar conta dessa situação, tem que haver uma política de Estado e a colaboração da escola, que hoje desempenho o papel além de ensinar de educar.

Afonso Morais é CEO e Fundador da Morais Advogados Associados e especialista em combate a fraudes e em recuperação de crédito empresarial. Pai de uma menina de 10 anos. Está à frente do podcast Falando de Fraudes com Afonso Morais.

 

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