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MPF diz que, em 30 anos, nenhuma denúncia sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares


Eleita senadora, Damares Alves diz que ouviu "nas ruas" relatos de crianças sendo traficadas do Marajó. — Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Eleita senadora, Damares Alves diz que ouviu “nas ruas” relatos de crianças sendo traficadas do Marajó. — Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

O Ministério Público Federal (MPF) afirmou que, nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia sobre tráfico de crianças na Ilha do Marajó (PA) menciona nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos). As informações foram enviadas pelo ógrão nesta quinta-feira (13) ao g1.

No sábado (8), durante culto na igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia, a ex-ministra do governo de Jair Bolsonaro (PL) afirmou que crianças do Marajó são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais. No discurso, Damares descreveu com detalhes escatológicos o que ela diz ter sido descoberto pelo governo.

Ela disse também que “explodiu o número de estupros de recém-nascidos” e que no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) há imagens de crianças com oito dias de vida sendo estupradas e que um vídeo com esse tipo de conteúdo é vendido por preços entre R$ 50 e R$ 100 mil.

Em nota, o Ministério Público informou que “nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia ao MPF sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares”.

O comunicado continua: “O MPF atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves”.

Em entrevista concedida nesta quinta à rádio Bandeirantes de São Paulo, Damares disse ter ouvido “nas ruas” relatos sobre estupro e tráfico de crianças no Marajó. Ela não apresentou provas das denúncias.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STFRicardo Lewandowski mandou à Justiça Federal do Pará um pedido de investigação das falas da ex-ministra sobre abuso sexual infantil.

 

Documentos entregues por Damares Alves a jornal não comprovam denúncias dela sobre supostos abusos sexuais infantis no Pará

MP deu prazo para Damares apresentar denúncias

Nesta terça-feira (11), o Ministério Público Federal do Pará deu um prazo de três dias Damares detalhar as denúncias, e informou que até o momento, aguarda informações da secretária executiva do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Tatiana Barbosa de Alvarenga, sobre os supostos crimes citados pela ex-titular da pasta.

Em relação a denúncias recebidas pelo MPF que não tratavam de tráfico internacional de crianças ou de outro crime que deve ser julgado pela Justiça Federal, as denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).

Assistam vídeo no:

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