Opinião

Mais um ferido abandonado por Bolsonaro no campo de batalha

Cassação à vista por quebra de decoro parlamentar

Breno Esaki/Metrópoles
O senador Marcos do Val (Podemos-ES), alvo de operação da Polícia Federal no dia em que completou 52 anos, é mais um ferido abandonado por Bolsonaro no campo de batalha. Corre o risco de ser cassado pelos colegas por quebra de decoro parlamentar.

Até ontem à noite, nem Bolsonaro, nem seus filhos disseram uma só palavra a seu favor. Nada de pessoal contra ele. Em tempos de barata voa, os Bolsonaro não socorrem ninguém e tratam de tentar salvar a própria pele. Sempre agiram assim, e não mudarão.

Do Val é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As penas máximas para esses delitos, somadas, alcançam 31 anos.

No depoimento que deu à Polícia Federal, no dia 2 de fevereiro, Do Val confirmou que Bolsonaro pediu-lhe uma resposta sobre o que achava de uma conspiração golpista. O plano foi apresentado a ele em reunião no Palácio do Alvorada no dia 9 de dezembro último.

“O único momento em que o ex-presidente se manifestou foi quando o depoente [Do Val] lhe disse que precisaria de alguns dias para dar a resposta. [Então] o ex-presidente respondeu que aguardaria”, segundo consta nos anais da Polícia Federal.

Do Val disse que Bolsonaro permaneceu em silêncio durante toda a exposição da conspiração feita pelo então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), não demonstrando contrariedade ou negando o plano de golpe. Talvez temesse estar sendo gravado.

O objetivo do golpe, revelou Do Val, era “invalidar as eleições, manter o ex-presidente no poder e prender Alexandre de Moraes”.

Ricardo Noblat é jornalista

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