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Lucia Maggi: cofundadora da agrícola Amaggi, é a única self-made entre as seis brasileiras na lista da Forbes

Lucia Borges Maggi é a única bilionária brasileira que não herdou sua fortuna de US$ 1,4 bilhão. Ela é cofundadora do Grupo André Maggi, a Amaggi, um dos maiores produtores do agro brasileiro. A empresa atua na originação de grãos, produção de soja, milho e algodão, operações portuárias, rodoviárias e fluviais, e geração e comercialização de energia elétrica. A Amaggi nasceu em 1977. Há cerca de 10 anos, a matriarca se afastou de seu papel no conselho de administração da companhia e hoje figura como acionista.

No Brasil, apenas uma, Lucia Maggi, cofundadora da Amaggi, uma das maiores empresas do agro brasileiro, é considerada “self-made”. Enquanto isso, os patrimônios dos homens mais ricos do país, como Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles, cofundadores da AB Inbev, maior fabricante de cervejas do mundo, e Eduardo Saverin, cofundador da Meta, vêm de suas próprias empresas. “Hoje discutimos isso, mas na época dos nossos bisavós as mulheres não tinham direitos nem a herdar as terras ou os negócios quando ficavam viúvas”, diz Silvia Martins, diretora de programas de desenvolvimento de famílias da Fundação Dom Cabral.

A configuração da lista de bilionários, e especialmente a participação das mulheres brasileiras nela, muda pouco ou quase nada a cada ano.

Este ano, a pessoa mais rica do país é Vicky Safra, que nem figurava entre as oito brasileiras na lista do ano passado. A herdeira do Banco Safra, fundado por seu falecido marido, Joseph Safra, e seus filhos tiveram sua fortuna unificada e estimada em US$ 16,6 bilhões por uma mudança de metodologia do levantamento.

Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, que em 2022 aparecia em 5º lugar entre as mulheres mais ricas do país, saiu da lista da Forbes deste ano. Trajano já havia saído do ranking de bilionários em junho do ano passado, após as ações da varejista perderem mais de 90% de seu valor em 11 meses por questões econômicas enfrentadas pelo país. Mas havia voltado a ocupar a lista em fevereiro, com uma alta de mais de 65% nas ações da empresa, impulsionada pela crise contábil da Americanas, sua concorrente.

Entre os 62 brasileiros presentes no ranking do ano passado, havia oito mulheres.

Este ano são seis. Além da saída de Luiza Trajano e entrada de Vicky Safra, outras duas perderam seus lugares na lista das mulheres mais ricas: Maria Helena Scripilliti, herdeira do Grupo Votorantim, e Dulce Pugliese, cofundadora da Amil.

Com algumas poucas exceções, o padrão das mulheres mais ricas continua o mesmo: herdeiras e brancas. Entre as 10 mais ricas do mundo, há apenas uma bilionária self-made, a novata Rafaela Aponte-Diamant, cofundadora da MSC, uma das maiores companhias marítimas do mundo, com um patrimônio de US$ 31,2 bilhões.

No caso do Brasil, um país cuja maioria da população é negra, a lista é um retrato do quadro social do país. “Ainda temos um caminho muito longo do ponto de vista de gênero e diversidade como um todo para romper esse teto de vidro”, diz Martins, da Fundação Dom Cabral.

Gazeta Digital

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