Variedades

Kátia Barbosa: “A comida de boteco representa o jeito carioca de viver”

À frente do Aconchego Carioca há mais de duas décadas, a chef fala sobre seu amor pela comida popular brasileira, a fama com ‘O Mestre do Sabor’ e a recuperação de bares e restaurantes após a pandemia

Kátia Barbosa (Foto: Berg Silva)

Kátia Barbosa é aquilo que se vê na televisão: gente boa, falante, e muito, muito engraçada. É que a carioca de 59 anos adora contar uma história, daquelas que se acumulam nas duas décadas à frente do Aconchego Carioca, na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio. Lá, Kátia faz o que chama de comida popular brasileira, onde lançou o já clássico bolinho de feijoada – copiado no país inteiro, o que ela não se importa. “Meu pai fazia a melhor cocada do mundo, e ninguém se interessou em aprender a receita. As minhas receitas quero que todo mundo faça”, diz Kátia que já era um nome importante no circuito gastronômico do Rio e ficou conhecida do grande público com O Mestre do Sabor, ao lado de Claude TroigrosLéo Paixão e Rafa Costa e Silva, mais Batista.

A carreira na cozinha veio por necessidade. Kátia aprendeu encarar as panelas com o pai, mas após a morte dele, quando ainda era adolescente, parou. Só voltou quando a filha mais velha, Bianca, hoje com 35 anos, e também chef, nasceu. Desempregada, foi trabalhar no Aconchego com o irmão e a cunhada, Rosa Angeli, e virou sócia quando eles se separaram. “Fui aprendendo na marra com meus erros e errei muito”, diz a chef, que nunca fez um curso de gestão e diz que o mais difícil é administrar pessoas.  “O que eu posso dizer para as pessoas é: se qualifique primeiro. Não adianta você querer ser só um bom cozinheiro. Você tem que ser também um bom administrador”, ensina.

Kátia, como muitos empresários do ramo, precisou reorganizar os negócios durante a pandemia. Encerrou de vez o Aconchego do Leblon, Leme e Village Mall, e também o Kalango da Praça da Bandeira, que está reabrindo em Botafogo. Continuou com o Kalango, no Norte Shopping, e Aconchego – que ficou fechado por dois meses e teve no delivery uma tábua de salvação. “Foi o que me segurou e com isso consegui manter equipe, aluguel em dia, as contas… Foi um choque de realidade para muito chef que nunca valorizou o delivery”, assume. Ela também passou a oferecer uma linha de produtos à vácuo que vai desde os bolinhos até baião de dois e arroz de rabada, e passou a produzir em Portugal, onde seus bolinhos são vendidos.

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