Opinião

Duplo desafio para Bolsonaro: entrevista ao vivo e debate com Lula

De franco atirador a prestador de contas

Por Ricardo Noblat

Reprodução

Se dependesse dos seus conselheiros políticos, Bolsonaro faltaria à entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda-feira (22/8). Serão 40 minutos ao vivo, e ele recusou-se a ser treinado para responder às previsíveis perguntas embaraçosas que lhe serão feitas.

Bolsonaro confirmou presença. Há quatro anos, candidato a presidente, ele enfrentou William Bonner e Renata Vasconcelos, apresentadores do telejornal, e saiu-se bem para surpresa de todos. Mas à época era um franco atirador e nada tinha a perder.

Não imaginava que poderia ser eleito. Lançou-se a presidente só para ajudar a carreira política dos três filhos zero – um, candidato a deputado federal; outro a senador, e o do meio, vereador, que pretendia se reeleger dois anos depois. Deu tudo certo.

Desta vez, terá que explicar o que fez e o que deixou de fazer para merecer um segundo mandato. A posição de incumbente é sempre desconfortável. O que fez não passa de obrigação. O que não fez é motivo de cobrança. O saldo do seu governo é muito ruim.

Por isso, se desse ouvidos aos conselheiros, também não participaria do primeiro debate entre os candidatos a presidente marcado para domingo (28/8) nos estúdios da Rede Bandeirantes de Televisão, em São Paulo. Lula confirmou presença.

Bolsonaro sugeriu que irá, mas oficialmente não confirmou:

“Eu pretendo ir, até porque tenho muita coisa a apresentar. Não vou ficar preso a uma agenda onde alguém vai me atacar de forma gratuita e eu ficar respondendo ataques gratuitos. Eu vou responder com o que fizemos e fazer comparações com governos anteriores”.

Se ele não for, Lula dificilmente irá. Sozinho, Lula viraria saco de pancada dos demais candidatos. Nada teria a ganhar com isso. Se Bolsonaro for, Lula terá em quem bater. Então, debate que é bom poderá ficar para o segundo turno. Se houver segundo turno.

Nesta quarta-feira, o Jornal Nacional entrevistará Ciro Gomes (PDT), na quinta, Lula e na sexta Simone Tebet (MDB).

Ricardo Noblat é Jornalista

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