Polícia

Dois meses após ser torturada e ter o nome do ex tatuado no rosto, jovem teme a saída dele da prisão.

Tayane Caldas tenta retomar a vida mesmo com o trauma, que reflete na família. Gabriel Coelho, o acusado, aguarda audiência.

 
 
Tayane, de 18 anos, faz sessões para retirar a tatuagem e usa maquiagem para disfarçar
 

Dois meses após ser sequestrada e ter o rosto, a virilha e o peito tatuados com o nome do ex-namorado, a operadora de caixa Tayane Caldas, de 18 anos, tenta, aos poucos, retomar a vida com o máximo de normalidade possível, apesar de ainda trazer o nome “Gabriel Coelho” tatuado na face, ter pesadelos e medo de ele voltar a atingi-la depois que deixar da prisão.

O sequestro da jovem ocorreu no dia 21 de maio, na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, no momento em que ela saía de casa para trabalhar. De acordo com a mãe da vítima, Déborah Velloso, Gabriel está preso, mas a audiência ainda não ocorreu. O medo da família, agora, é que ele saia e tente fazer novos ataques.

Déborah conta que tem seis filhos e acredita que o acusado pela agressão esteja mais revoltado com ela do que com a filha. Isso porque foi a mãe quem esteve na delegacia para denunciar o desaparecimento de Tayane e incentivou a jovem o tempo todo a terminar o relacionamento com Gabriel.

“Precisamos sair da casa em que estamos, quero um lugar mais seguro, pois não sabemos quanto tempo ele vai permanecer preso ou se vai continuar após a audiência”, disse.

Após o ocorrido, Tayane, que foi também agredida e amarrada, precisou passar por tratamento psicológico. “Eu olhava no espelho e, desde que ele fez essa tatuagem, eu só conseguia chorar”, relatou. Para a mãe, além de tê-la marcado fisicamente, o homem “fez uma marca enorme na alma dela”.

A operadora de caixa tenta retomar a vida e está fazendo um tratamento para a remoção das tatuagens. Os traumas, porém, cercam a jovem. Ela não sai mais de ônibus para ir trabalhar, e a empresa disponibilizou um serviço de táxi para levá-la. Além disso, os reflexos do crime também atingiram os irmãos mais novos. Segundo a mãe, a outra filha, de 16 anos, não vai mais sozinha à escola ou padaria e sempre tem medo de ser atingida pelo que ocorreu com a irmã.

“Nós estamos tentando nos reerguer psicologicamente. Todo mundo, de alguma forma, acabou sendo afetado aqui, sentimos medo pela Tayane e por nós mesmos”, desabafou Déborah. Agora, com todas as dificuldades, a família pretende se mudar quanto antes e viver um novo capítulo na vida, “o mais longe possível de Gabriel”.

Sessões para a retirada da tatuagem

Uma clínica de estética, localizada em Taubaté, iniciou o procedimento com laser para a retirada das tatuagens de Tayane no dia 26 de maio. Entretanto, as sessões para eliminar as marcas completamente devem durar mais de um ano. Enquanto isso, quando precisa sair, Tayane usa maquiagem para tentar esconder o nome de Gabriel Coelho no rosto.

A dona da clínica explicou que o pigmento não some na hora, então em cada sessão o objetivo é que a tatuagem fique cada vez mais fraca, até que, enfim, desapareça. “É um tratamento e vai demorar um tempo, mas só de darmos o primeiro passo já é um alívio para ela”, disse a esteticista Cinthia Diaz. O intervalo de cada sessão é de 30 a 40 dias.

Relembre o caso

A operadora de caixa havia saído de casa para ir trabalhar e, quando estava no ponto de ônibus, foi abordada pelo ex-namorado Gabriel Coelho. Tayane conta que ele a obrigou a entrar no carro e a levou até um cativeiro.

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Ela relata que foi amarrada, agredida, tatuada contra a vontade e ficou o tempo todo sob ameaça de que Gabriel mataria os pais e o avô dela. “Quando ele terminou de tatuar, disse que era para eu me olhar no espelho e simplesmente falou que eu estava gata”, contou a vítima em entrevista à Record TV.

Gabriel e Tayane namoraram por três anos. Segundo a mãe dela, no começo ele se mostrou carinhoso e responsável, mas depois revelou ser ciumento e possessivo.

A jovem quis terminar o namoro por diversas vezes, mas sempre era ameaçada. Antes do ocorrido, Tayane tentou pôr um fim de vez na relação e ficou meses sem contato com o acusado. Ela chegou, inclusive, a abrir um boletim de ocorrência contra ele.

Após o sequestro, Gabriel foi preso preventivamente por descumprir duas medidas protetivas que o proibiam de ter contado com ela.Agora, ele aguarda a audiência.

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Metrópoles

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