O meu 1º voto foi em 1996, já se passaram 26 anos, sendo essa a 14ª eleição – 7 municipais e 7 para escolha do presidente do meu país. Por “13” vezes me identifiquei, adesivei minha moto e o meu portão. Desta vez não fiz assim e o meu discurso passou a ser, para que as pessoas possam ouvir mais do que falar, conferir informações antes de compartilhar, ter empatia e respeito ao próximo e mais que isso, respeitar a si e ao outro e não entrar em embates.

Mesmo assim não foi suficiente, sou professora e neste momento trabalho apenas com crianças que estão há 2, 3, 4, pleitos do 1º voto (ou seja, crianças entre 9 e 13 anos). Percebo que elas reproduzem o pensamento, as falas e até a conduta de seus pais e/ou responsáveis, o lamentável é que a intolerância, a falta de empatia e o desrespeito é notável em várias delas, essa postura provoca desentendimentos e discussões em sala de aula, fazendo com que eu e os meus colegas de profissão, passem parte do tempo em sala acalmando e pedindo para que o foco seja o conteúdo planejado para aula.

Nesta terça feira (22) entrei em uma turma de 6º ano, após recreio, cujas duas últimas aulas eram comigo, a discussão já estava acirrada, haviam se formado 2 grupos em defesa aos candidatos ao segundo turno que ocorrerá no próximo dia 30 (domingo), disse as crianças que estávamos com conteúdo atrasado e que ter opinião diferente é saudável, mas o desrespeito a opinião do outro é uma postura equivocada, pedi para parar e que focassem na correção, porém o assunto foi recorrente por mais de 40 minutos, as falas incluíam apoio e descrédito aos candidatos, consegui não ser mais interrompida quando falei diretamente a uma aluna, esta estava até aquele momento sem realizar as atividades propostas, e com os braços com palavras escritas em letras garrafais “MITO/ AGRO/#BOLSONARO”. Pedi que ela parasse de instigar os colegas e que ela não podia propagar notícias que não foram comprovadas. Neste momento a menina se calou e eu consegui ministrar a aula como deveria ser desde o início.

Minutos depois, percebi um senhor parado a porta, então fui até ele e perguntei: “Pai o senhor veio buscar qual criança?” Ele grosseiramente me respondeu quem era sua filha (a aluna que chamei atenção por último), gritando disse que não aceitava esse tipo de indução, que ela não estava na escola para ouvir sobre política e comunismo, repetiu meu nome por várias vezes e dizendo que me conhecia, disse a ele que não me lembrava dele e que estava equivocado, relatei o que ocorreu na sala, o mesmo continuou dizendo que a filha mandou mensagem via celular e que ele autorizou ela a isso, então informei que o celular só pode ser usado com a minha permissão, de forma pedagógica e que na sala de aula a autoridade sou eu, pedi o material a menina e mostrei ao pai que ela não desenvolveu nenhuma atividade, esbravejando disse – me que ela tinha notas boas e arrancou a apostila de minha mão, indo embora com a filha.

Inconformada com a situação, acalmei os alunos que estavam assustados e fui até a coordenação, lá estavam as 3 coordenadoras e o pai repetiu as agressões verbais a mim. Disse que eu estava implantando opinião comunista, que ele era família, não era bandido, que a escola era boa até ter esse tipo de gente, então, disse-me seu nome e que eu fosse procurar os meus direitos, pois iria para o “PAU” comigo.

Não é à toa que já ocorreram várias mortes em nosso país e 2 em nosso estado, por motivo político. É necessário CRIMINALIZAR esse tipo de devaneio. Ser pai, ser mãe é prover fisicamente e moralmente os seus dependentes. Ser FAMILIA é dar bons exemplos. Incentivar ao EGOISMO, ao PRECONCEITO é caminharmos para GUERRA, para a MORTE, para o CAOS. E a mudança está em nossas mãos.

RegionalMT