Polícia

Cuiabá: avó tem neto ‘arrancado’ dos braços e fica sem informações

João Vieira

“Ele estava nos meus braços, mamando a mamadeira, quando eles entraram e tiraram ele de mim”. É assim que a avó Luzinete Pedrosa Pereira, 45, descreve o momento em que o recém-nascido, Kauã, foi levado pelo Conselho Tutelar, na manhã da última segunda-feira (18), de sua casa no bairro Altos da Serra, em Cuiabá. Luzinete é mãe de Keila Pereira da Silva, 23, que deu a luz no dia 19 de fevereiro em um hospital público.

A jovem, que é depressiva e usuária de drogas, fugiu da maternidade com o menino três dias depois do nascimento. Luzinete não sabe explicar o motivo da filha ter deixado a unidade de saúde. “Eu estava com os dois no hospital, desde que ela deu a luz, daí ela disse que ia com ele fazer um documento na recepção, mas não apareceu mais, fugiu. O hospital chamou o Conselho Tutelar, mas não encontraram eles”.

Uma semana depois do sumiço, Keila foi até a casa de Luzinete e deu a criança para que ela cuidasse. “Ela ficou por uns dois dias e sumiu novamente”. A avó afirma que não sabe o por que de a criança ter sido tirada de seu lar. Segundo ela, o menino não estava em risco, não estava em ambiente insalubre e nem mal cuidado, e os conselheiros não teriam explicado nada, apenas pegaram a criança de seus braços e afirmado que deveria procurar um advogado.

“Eu entrei em desespero, comecei a chorar e questionar, mas eles não disseram nada, nem para onde ele seria levado, nem como eu poderia ter notícias dele”. Luzinete trabalha com venda de roupas em casa e o marido, Alírio Barbosa, 50, é pedreiro. Os dois garantem que querem cuidar de Kauã e que têm condições para isso.

“Somos humildes trabalhadores, mas podemos criar nosso neto, cuidar dele, somos a família dele”. O pai do menino morreu quando Keila estava grávida de 6 meses. Desde então, o quadro de depressão que a jovem já tinha foi agravado e ela só falava em acabar com a própria vida, momento em que a mãe a levou para morar com ela. “Em casa eu cuidava dela, dos dois e estavam bem. Ela tem esses problemas, mas eu nunca a abandonei e não vou abandonar meu neto”

Bebê ainda não foi registrado

De acordo com Luzinete, a filha é usuária desde os 14 anos, mas ficou depressiva e se afundou no mundo das drogas após perder a guarda da filha mais velha, que hoje está com 7 anos. Luzinete, que também ajudava com os cuidados, conta que a criança tinha 5 anos quando o pai ganhou a guarda e, desde então, ela e a filha nunca mais conseguiram vê-la. Durante os meses em que Keila esteve sob os cuidados da mãe, ela garante que a jovem não estava usando drogas.

“Eu não deixava por causa do bebê”. Ela acredita que a depressão seja o que mais pesou para o sumiço da filha e tem medo de perdê-la também. A avó está desesperado, pois a criança, de apenas 1 mês, ainda não tem registro. Alírio, marido de Luzinete, afirma que a família está aflita e que eles não têm nem conseguido dormir direito. “É só choro, toda hora que lembramos, que vemos as coisinhas dele”.

 

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