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Conheça 10 carros nacionais fora de série que você nem sabia que existiam

 
Carro nacional fora de série Concorde 1981, vermelho, de frente, estacionado
Concorde parece réplica, mas não éFoto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A.Press

Alguns carros nacionais fora de série ganharam muita notoriedade: marcas como Puma, Santa Matilde e Lafer são famosas até hoje, inclusive fora do Brasil. Mesmo empresas um pouco menos conhecidas, como Miura, Farus e Brasinca, costumam vir rapidamente à mente de entusiastas ou de pessoas que viveram as décadas de 1970 e 1980. Isso, sem falar na Gurgel.

Carros nacionais fora de série ‘obscuros’

Porém, o listão de hoje não é sobre essas marcas, e sim sobre algumas contemporâneas mais, digamos, obscuras… Enumeramos 10 carros fora de série fabricados por empresas nacionais sobre a qual você, possivelmente, nunca sequer ouviu falar. Ficou curioso? Então confira quais são eles!

1- Concorde

Carro nacional fora de série Concorde, de frente, estacionadoConcorde era um veículo caro e muito sofisticadoFoto: Boris Feldman/EM/D.A.Press

Ele até parece uma réplica, mas não é. Ao contrário de outros carros nacionais fora de série do passado, o Concorde tinha design único. A inspiração vinha de diferentes automóveis da década de 1930, mas principalmente do Duesemberg J. A produção, praticamente artesanal, ficava a cargo da  Indústria de Automóveis Especiais Ltda, de Vinhedo (SP).

Nos anos de 1970, o Concorde era um dos veículos mais sofisticados e caros do mercado brasileiro. Luxuoso e bem-equipado, o modelo era também potente, graças à utilização de um motor V8 4.8 proveniente do Ford Galaxie. O conjunto mecânico incluía ainda câmbio automático.

Inicialmente, o fabricante pretendia até exportar o exótico modelo, mas a produção acabou não ganhando ritmo. No fim das contas, a fabricação do Concorde limitou-se a algo entre 15 e 20 veículos, entre os anos de 1976 e 1982.

2- Gazelle

Carro nacional fora de série Gazelle, de frente, estacionadoGazelle era uma réplica do Mercedes-Benz SSK 1929, mas sem grande fidelidade ao modelo originalFoto: Classic Motors Carriages do Brasil/Divulgação

Um dos carros nacionais fora de série mais obscuros de todos os tempos é o Gazelle. O modelo era fabricado em Contagem (MG) pela Classic Motors Carriages do Brasil. A empresa produzia a carroceria em fibra a partir de moldes adquiridos nos Estados Unidos.

Em tese, o Gazelle era uma réplica do Mercedes-Benz SSK 1929. Na prática, porém, talvez seja mais justo dizer que ele tinha inspiração no modelo alemão. Isso, porque a cópia estava longe de ser fiel ao projeto original, apresentando diferenças no acabamento e até nas proporções da carroceria. Sem falar no motor, que era o tradicional Volkswagen 1.6 boxer a ar, posicionado na traseira.

A Classic Motors Carriages do Brasil atuou por pouco tempo, somente de 1979 a 1986. Nesse período, produziu aproximadamente 100 unidades do Gazelle. Deu para entender porque esse modelo é, atualmente, tão raro e desconhecido, certo?

3- LHM Phoenix

LHM Phoenix carro nacional réplica do Mercedes-Benz 280 SLAs primeiras unidades do LHM Phoenix traziam até o emblema da Mercedes-Benz na grade dianteiraFoto: LHM/Divulgação

Ele tem cara e, dependendo, até emblema de Mercedes-Benz, mas é uma réplica. Eis o Phoenix, que tem aparência semelhante à do esportivo 280 SL. Quem o desenvolveu foi a LHM, do Rio de Janeiro, que caprichava nos detalhes.

Apesar de não utilizar motor Mercedes, o Phoenix também trazia uma unidade de seis cilindros em linha sob o capô. Era o conhecido 4.1 dOpala, que proporcionava bom desempenho ao conversível. Porém, havia a opção pelo Chevrolet 2.5 de quatro pistões. Com o tempo, a LHM chegou a oferecer ainda um V8 de origem Ford.

As estimativas de produção do Phoenix ficam em torno de 200 unidades, entre 1982 e 1988. Assim como vários outros fabricantes nacionais de carros fora de série, a LHM não chegou a presenciar a virada entre as décadas de 1980 e 1990.

4- Fibrario Dimo GT

Fibrario Dimo GT carro nacional réplica do Dino GTDimo GT era uma réplica do esportivo Dino 246Foto: Fibrario/Divulgação

Talvez você já tenha até visto esse veículo circulando por aí, mas acabou pensando que era um autêntico Dino 246 GT, esportivo italiano fabricado por uma subsidiária da Ferrari. Seja como for, trata-se de uma réplica desse modelo, criada pela fluminense Fibrario. Até o nome é parecido: Dimo GT.

Na mecânica, como já era de se esperar, o original e a réplica não têm pontos em comum. Em vez de um V6 italiano, o Dimo GT emprega motores 1.6 e 1.8 da alemã Volkswagen, de arrefecimento a líquido, em posição central.

Assim como todos os outros carros nacionais fora de série deste listão, o Fibrario Dimo GT permaneceu no mercado por pouco tempo: apenas de 1983 a 1986. A partir de 1987, o modelo passou a ser fabricado pela L’Auto Craft, que comprou o ferramental. Os números exatos de produção são desconhecidos, mas é certo que poucas unidades ganharam as ruas.

5- L’automobile Ventura

L'automobile Ventura prata de traseira estacionadoL’Automobile Ventura tinha design original e arrojadoFoto: L’automobile/Divulgação

A fabricante paulistana L’Automobile, por si só, já é pouco conhecida. A empresa é mais lembrada pelo modelo Monza (que não tem relação com homônimo da Chevrolet), uma réplica do Alfa Romeo 8C 2300 1931. Porém, a gama contou também com um veículo de desenho original e, inclusive, muito bonito: o Ventura.

Além do visual acertado, o cupê exibia ainda um interior bem-acabado e luxuoso, com direito a bancos em couro. Entretanto, tal qual a maioria dos carros nacionais fora de série da década de 1970, o Ventura impressionava mais pelo design do que pelo desempenho. Isso, porque o motor era o quase onipresente Volkswagen 1.6 boxer arrefecido a ar. 

A L’Automobile produziu o Ventura em pequena quantidade, entre os anos de 1978 e 1983, quando encerrou as atividades. A L’Auto Craft adquiriu moldes de confecção da carroceria e chegou até a desenvolver uma versão modernizada do esportivo, com motor 1.6 Volkswagen arrefecido a líquido, mas acabou fabricando pouquíssimas unidades.

6- L’auto Craft Sabre

L'auto Craft Sabre 1990 vermelho de frenteL’auto Craft tinhas características técnicas semelhantes às do Santa Matilde SMFoto: L’auto Craft/Divulgação

Pois é, a L’auto Craft é a tal fabricante fora de série que adquiriu o ferramental de produção dos carros nacionais da Fibrario e da L’automobile. Em 1990, a empresa, sediada em Barra do Piraí (RJ), lançou o mais sofisticado dos produtos da gama: o Sabre.

O veículo tinha design mais conservador, mas exibia interior luxuoso e motor potente: no caso, o 4.1 de seis cilindros originário do Opala. De maneira geral, a proposta do L’auto Craft Sabre era muito semelhante à do SM da também fluminensSanta Matilde, modelo que acabou ficando bem mais conhecido.

Consta que L’auto Craft teria contratado até um ex-engenheiro da Santa Matilde para desenvolver o projeto do Sabre. Porém, o veículo teve vida mais curta que a do “conterrâneo”. Afinal, chegou ao mercado bem no momento da abertura às importações. A fabricação perdurou de maneira inconstante até 1997, e apenas 108 unidades teriam sido produzidas.

7- Lorena GT

Lorena GT amarelo de frente estacionadoLorena GT foi um dos primeiros carros esportivos fora de série nacionaisFoto: Reprodução

Conheça Lorena: o GT foi um dos primeiros carros esportivos fora de série nacionais. Tal qual ocorreu com o Gazelle, esse modelo tinha raízes fixadas nos Estados Unidos, já que o projeto era originário da empresa local Fiberfab Aztec, que cedeu os moldes e a licença de produção.

O projeto seguia a fórmula que se tornaria quase universal em carros fora de série nacionais a partir da década de 70, com chassi e mecânica Volkswagen. O motor, originalmente, era o 1.300 do Volkswagen Fusca, mas havia opção por similares de maior cilindrada.

Do lançamento, em 1968, até 1981, a produção do Lorena GT chegou a cerca de 100 veículos: a maioria deles foi montada de maneira independente, já que a marca, sediada no Rio de Janeiro (RJ), comercializava kits com a carroceria. Outras empresas chegaram a retomar a fabricação do modelo nas décadas seguintes, mas sempre com baixos números totais.

8- Trivellato Shark

Trivelatto Shark carro nacional fora de série de frente estacionadoTrivellato Shark surgiu em 1970, mas durou muito poucoFoto: Reprodução

Há quem pense que o Trivellato Shark é uma derivação do Lorena GT. Isso, devido às semelhanças visuais entre eles e também ao lançamento pouco posterior, em 1970. Porém, não é esse o caso. Os pontos em comum ficam por conta da concepção do projeto, com motor 1.300 Volkswagen arrefecido a ar e opção por similares de maior cilindrada.

Ah, sim, há mais uma similaridade entre os dois carros nacionais fora de série: a origem estrangeira do projeto. No caso do Shark, a concepção coube à estadunidense Fiberfab. A diferença é que essa empresa não teria cedido os moldes nem os direitos de produção. Consequentemente, a Trivellato não divulgava essa informação.

Infelizmente, o destino de ambos os modelos foi também parecido: o esportivo da Trivellato durou apenas até 1973. A produção não teria atingido a marca de 40 veículos. Entretanto, o Shark entrou para a história não apenas pela raridade, mas também pelo cuidadoso acabamento interno.

9- Villa GT

Villa GT 1987 vermelho de lado estacionadoVilla GT seguia a fórmula da maioria dos similares e adotava motor Volkswagen a arFoto: Divulgação

Assim como ocorre com o Trivellato Shark, algumas pessoas pensam que o Villa GT seria uma evolução do Lorena GT. Não é: trata-se de um projeto independente, que nem se parece tanto assim com o outro modelo. Ademais, surgiu bem depois, em 1980. Por fim, era produzido em São Paulo (SP).

A concepção do projeto, claro, é que trazia várias similaridades. Afinal, o Villa GT era mais um dos carros nacionais fora de série equipados com mecânica Volkswagen a ar, já com 1.600 cm³ de cilindrada. O fabricante o vendia tanto já finalizado quanto no formato de kits para o proprietário montar.

A produção chegou a cerca de 100 exemplares até 1987. Quase todos tinham carroceria cupê, mas o fabricante chegou a estudar algumas variações, como um targa. As últimas unidades receberam atualizações no design.

10- Dankar Squalo

Imagens publicitarias do carro nacional fora de série Dankar SqualoCom projeto sofisticado, Dankar Squalo tinha motor central, faróis escamoteáveis e freios a disco nas quatro rodasFoto: Dankar/Divulgação

Outro fabricante de carros fora de série nacionais com sede no Rio de Janeiro (RJ) era a Dankar. A empresa produziu um dos mais interessantes veículos desse gênero durante os anos 1980: o Squalo. O projeto era original, embora tivesse alguma inspiração no famoso Puma GT.

Além do visual arrojado, que incluía faróis escamoteáveis, o Squalo tinha motor 1.6 vindo do Volkswagen Passat TS, com arrefecimento a líquido, em posição central. Outra sofisticação ficava por conta dos freios a disco nas quatro rodas.

A produção do Squalo foi muito baixa: as estimativas indicam apenas cerca de 20 unidades, entre 1978 e 1981. A Dankar acabou sobrevivendo por mais algum tempo fazendo transformações em carros de série, como no próprio Volkswagen Passat.

Mais carros nacionais fora de série desconhecidos

A indústria brasileira de carros artesanais foi tão diversificada que apenas 10 tópicos não são capazes de enumerar todos os modelos raros daquele período. Assim, veja mais dois veículos desconhecidos, que entraram como bônus.

Bônus 1: Thunderbuggy 35 B

Imagens publicitárias do Thunderbuggy 35 B, carro nacional réplica de Bugatti 1927Thunderbuggy está entre as fabricantes brasileiras mais obscurasFoto: Thunderbuggy/Divulgação

O listão deveria ter apenas 10 carros nacionais fora de série, mas o Thunderbuggy 35 B é tão obscuro que não poderia ficar de fora. O fabricante, sediado em São Paulo (SP), terceirizava a produção da carroceria, de fibra de vidro, para a também paulistana Glaspac.

O modelo é uma réplica do Bugatti 35 B de 1927, mas, ao contrário dele, não tinha motor dianteiro de oito cilindros em linha. Adivinhe qual era a mecânica? Sim, originária do Fusca, com 1.500 cm³ de cilindrada. E, claro, posicionada na traseira.

Em 1976, o fabricante passou a se chamar Tander Car, mas manteve a réplica do Bugatti 35 B em produção. Contudo, a L’automobile acabou adquirindo moldes e demais ferramentais em 1981. Os números de produção do modelo são desconhecidos, mas há informações sobre veículos fabricados já em 1973.

Bônus 2: Beep Netuno

Beep Netuno carro nacional fora de série que era réplica do Chevrolet Corvette StingrayÉ um Corvette Stingray? Não, é o Beep Netuno!Foto: Beep/Divulgação

Já ouviu falar na Beep? Não? Pois fique tranquilo: a produção do Netuno, modelo mais famoso da empresa, não chegou sequer a 10 unidades. É, portanto, um dos carros nacionais fora de série mais raros de que se tem notícia.

Trata-se de mais uma réplica produzida artesanalmente, na época em que o mercado brasileiro era fechado às importações. O design baseava-se no do Chevrolet Corvette C3 Stingray, o qual conseguia reproduzir com relativa fidelidade. A mecânica, claro, é que não tinha qualquer relação com a do esportivo estadunidense: quem pensou no motor Volkswagen 1.600 a ar, acertou.

As produção do Beep Netuno avançou a ritmo de conta-gotas entre 1983 e 1988. O fabricante sobreviveu à virada para a década de 90 e chegou a desenvolver outras réplicas, mas de veículos das décadas de 1900 até 1930.

 VRUM

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