Opinião

Bolsonaro segue leal a Pedro Garagem, o assediador sexual da Caixa

Manuella, uma mulher guerreira, capaz de combater em várias frentes ao mesmo tempo

Por Ricardo Noblat

Reprodução

Sob pressão de auxiliares para que se livrasse da companhia explosiva de Pedro Guimarães, ou Pedro Maluco, ou Pedro Garagem, o presidente assediador de mulheres da Caixa Econômica Federal, Bolsonaro impôs duas condições para fazê-lo.

A primeira: não o demitiria. Gosta dele e não acredita nas denúncias de assédio. Acha que se trata de uma conspiração para atingir o governo e impedi-lo de se reeleger. A segunda condição: não diria uma só palavra contra Pedro caso ele se demitisse.

Bolsonaro é homem de palavra, embora nesse caso, para a contrariedade das mulheres que o rejeitam nas pesquisas de intenção de voto e que podem derrotá-lo em outubro. Foi Pedro que pediu demissão, ele limitou-se a atendê-lo.

Até aqui, da boca de Bolsonaro, não se ouviu uma única palavra de censura ao comportamento predador do seu querido amigo, um exemplo de dirigente de órgão público. Bem que a imprensa, sem sucesso, tem tentado arrancar dele pelo menos um comentário.

Tudo o que ele disse foi:

“Foi afastado o presidente da Caixa. Está respondido? Ou melhor, ele pediu afastamento.”

Por orientação dos advogados, Pedro Garagem calou-se. Mas escalou sua mulher para defendê-lo indiretamente. Pobre senhora. Filha de um empresário preso acusado de corrupção, casada com um homem que constrangia as mulheres que trabalhavam com ele.

Manuella Pinheiro pronunciou-se pela primeira vez no Instagram sobre as acusações de assédio sexual que levaram à demissão do seu marido:

“Sabíamos que na luta pelo Brasil haveria deslealdade, inveja, sordidez e falsidade. Sabíamos que seriam acompanhados de ataques impiedosos com objetivo único de destruir nossa família”.

Michelle Bolsonaro, a primeira-dama, respondeu a publicação escrevendo “querida”. Pedro Garagem publicou o texto em sua própria conta dizendo amar sua mulher. Manuella também relacionou o caso às acusações contra o seu pai.

Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, foi preso pela Operação Lava-Jato e posteriormente firmou um acordo de delação premiada. Manuella disse:

“Para muitos, minha guerra por um Brasil melhor começou em 2019 com o Pedro Presidente da Caixa Econômica Federal. Entretanto, começou em 2014 com o meu pai, Leo Pinheiro”.

Não se sabia que Manuella fosse uma mulher guerreira, mas pelo visto é, capaz de combater ao mesmo tempo em várias frentes.

Ricardo Noblat é jornalista

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