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Bolsonaro aposta na anarquia para reverter a derrota que se desenha.

Emissário do presidente Joe Biden advertiu o ex-capitão que os Estados Unidos não apoiarão um golpe se ele perder

Fábio Vieira/Metrópoles

Esta semana, possivelmente, ou o mais tardar na próxima, a proposta do retorno ao voto impresso, em substituição ao eletrônico que existe há 25 anos sem um único caso de fraude comprovada, será enterrada pela Câmara dos Deputados. Se não fosse, seria enterrada pelo Senado.

Nem por isso o presidente Jair Bolsonaro renunciará à pregação contra o voto eletrônico porque o que está por trás disso é o seu desejo em desacreditar os resultados das eleições do ano que vem se for derrotado. Ao agir assim, espera que seus devotos de raiz, inconformados com a derrota, promovam desordens nas ruas.

Se isso de fato acontecer numa escalada incapaz de ser contida pelas forças estaduais de segurança, governadores lhe pedirão que mande tropas do Exército para estabelecer a ordem, e ele não os atenderá. Pela lei, o Exército só pode ser empregado em uma missão como essa se autorizado pelo presidente da República.

Soa absurdo que ele possa chegar a tal ponto? O presidente Donald Trump não incentivou os republicanos a invadirem o Congresso americano? Bolsonaro já não participou de manifestação de rua à porta do Quartel General do Exército que pedia intervenção militar já com o fechamento do Supremo Tribunal Federal?

Por sinal, o centro de Brasília, hoje, amanheceu interditado dado a mais uma motociata, liderada por Bolsonaro, que partirá do Palácio do Planalto em direção às cidades satélites de Ceilândia e Taguatinga. Na volta do passeio, ele deverá falar à multidão reunida em um trecho na Esplanada dos Ministérios. O que dirá?

Improvável que volte a chamar ministro do Supremo de filho da puta como o fez há poucos dias. Certamente defenderá o voto impresso prestes a ser sepultado. Talvez não se arrisque a afirmar que sem voto impresso não haverá eleições. Mas insinuar ou sugerir que não haverá eleições não surpreenderia ninguém.

Está prevista a farta distribuição de botons com a frase: “Intervenção militar, já”. E de adesivos com palavras de ordem ditadas pelo gabinete do ódio que funciona em uma dependência do palácio onde Bolsonaro dá expediente quando não está voando para algum comício travestido de solenidade oficial.

O presidente Joe Biden mandou um emissário avisar a Bolsonaro que seu governo não apoiaria um eventual golpe por aqui. Na última sexta-feira, o governo americano anunciou que as eleições na Nicarágua não serão reconhecidas pela comunidade internacional porque a oposição de lá foi proibida de disputá-la.

O voto eletrônico é auditável, ao contrário do que diz Bolsonaro. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, estuda aumentar o sistema de auditagem   para enfraquecer o discurso de Bolsonaro. De nada adiantará. O discurso golpista é um antídoto para a derrota que se desenha.

Metrópoles/Ricardo Noblat

 

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