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Armamento apreendido com bando do traficante Peixão vale mais de R$ 1 milhão

Entre as armas encontradas estão duas metralhadoras capazes de derrubar aeronaves

Metralhadora capaz de derrubar aeronave foi apreendida em poder da quadrilha de Peixão

A Polícia Civil estimou em mais de um R$ 1 milhão o valor do armamento apreendido, nesta sexta-feira, na Favela de Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio, com 17 suspeitos de integrarem o bando do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. Entre as armas apreendidas, duas chamaram a atenção dos agentes. Uma metralhadora. 50 e uma outra.30. Elas são capazes de fazer disparos que perfuram a blindagem de veículos e podem até derrubar aeronaves. Principal alvo da operação, que contou com policiais da Delegacia de Repressão Entorpecentes, Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e dos Departamentos Geral de Polícia Especializada, da Capital e da Baixada Fluminense, Peixão conseguiu fugir.

Além das metralhadoras, foram apreendidos 15 fuzis, milhares de munições, e 21 granadas. Estas últimas, segundo a polícia, ao explodir podem matar por deslocamento de ar ou por fragmentação. Integrante da cúpula de uma das facções criminosas que atuam no Rio de Janeiro, Peixão controla o comércio de drogas nas Favelas de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-pau. A região foi batizada pelo traficante, que se intitula evangélico, como Complexo de Israel. O bandido não tolera religião de matrizes africanas e, por isso, proíbe o funcionamento de terreiros em seus domínios, que se estendem até pontos de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Dez bandidos foram presos em bunker que funcionava nos fundos de uma Organização Não Governamental (ONG). Segundo a polícia, o esconderijo e o armamento foram encontrados na sede do “Projeto Multiplicação Social”, que fica em um galpão na comunidade. A ONG foi fundada em julho de 2021 pelo traficante José Cláudio Fontoura Piuma, investigado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). O local tinha uma parede falsa de concreto que era aberta, por dentro, com uma espécie de controle remoto. A reportagem não conseguiu contato com o Projeto Multiplicação Social.

A metralhadora ponto 50 é a mais longa dentre os armamentos apreendidos — Foto: Fábio Rossi/ Agência O Globo

A metralhadora ponto 50 é a mais longa dentre os armamentos apreendidos — Foto: Fábio Rossi/ Agência O Globo

— Dez foram presos dentro do bunker que era no interior, nos fundos dessa ONG. Nos fundos que a gente diz, é nos fundos da construção. Atrás, havia sido feito uma obra. E nessa obra, uma parede falsa dava acesso a um cômodo em que estavam dez pessoas, dez traficantes, com todo armamento apreendido naquele local. O Gaúcho já era investigado pela DRE. Agora a gente tem materialidade para colocar no papel que o responsável pela ONG, que dizia ter largado o narcotráfico, ainda pertence ao tráfico de drogas. E ainda é uma peça fundamental dentro da associação para fins de tráfico que se instalou naquela localidade — disse o delegado Marcus Amim, da DRE.

A parte interna do esconderijo tinha dois cômodos. Um deles era acessado por um buraco. Esta segunda parte tinha uma saída de emergência que podia ser acessada por degraus de uma escada fixada na parede.

– Era um local cujo acesso era bem engenhoso. Havia um dispositivo automatizado para abrir a porta. Dentro era um cômodo relativamente confortável. Eram dois cômodos, na verdade. Com saída para a parte superior. Com uma escada para espécie de fuga. Tinha uma fechadura automatizada de controle remoto e um ventilador, mas a construção não estava totalmente acabada. Só um cômodo tinha piso- disse o delegado.

 
Metralhadoras e fuzis foram apreendidos com bando de Peixão — Foto: Fábio Rossi

Metralhadoras e fuzis foram apreendidos com bando de Peixão — Foto: Fábio Rossi

Além dos dez presos no bunker, a polícia prendeu mais sete homens em outro ponto de Parada de Lucas. Armados de fuzis, eles trocaram tiros com policiais e invadiram uma casa. Um pai e uma filha, menor de idade, foram feitos reféns pelo grupo. Um cerco foi feito no local, e após uma hora de negociação, os bandidos resolveram se entregar. Ninguém ficou ferido durante a operação, que por conta do tiroteio chegou a afetar a circulação dos trens no ramal Saracuruna por quase uma hora.

Segundo a polícia, entre os 17 presos estão Alexandre Barbosa Germano Junior, o BG, apontado como o segundo na hierarquia do Complexo de Israel, Geovani Barbosa Coutinho, o Stuart, que gerencia o tráfico em Vigário Geral, Wendel Rodrigues Oliveira, o Noventinha, um dos homens de guerra do traficante em Duque de Caxias, e Milton Santos da Silva, o Pivete. Este último é apontado como segurança pessoal de Peixão. De acordo com a Polícia Civil, a operação foi deflagrada após ter sido detectada uma movimentação de bandidos do Complexo do Camará (Vila Aliança, Sapo, rebu e Coréia). Eles estariam se movimentado para ir ao encontro de aliados de Parada de Lucas. O Objetivo seria uma reunião com Peixão para deflagar uma invasão a uma comunidade de Duque de Caxias.

— A questão de uma invasão. Inclusive, o motivo da ação (policial) desta sexta-feira foi esse. Para evitar que ele (Peixão) invadisse mais outra área, que ele expandisse seus domínios para Baixada Fluminense, principalmente ali na área de Caxias. É um traficante que está dominando alguns bairros. E que comete vários homicídios e some com os corpos dos seus desafetos e com pessoas com que ele não concorda. Inclusive pratica inúmeros crimes com viés de intolerância religiosa. A gente reputa que a ação desta sexta foi extremamente importante porque deu um duro golpe em toda hierarquia dessa organização criminosa que age no local — disse o delegado Felipe Curi, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada.

Agência Brasil

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