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Agressores acreditam que têm o direito de corrigir as mulheres, explica PM

Andhressa Barboza Câmara Municipal de Cuiabá

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“Homens que agridem mulheres acreditam que é seu direito corrigir a companheira”. A fala é da tenente-coronel Emirella Martins, coordenadora de Polícia Comunitária e Direitos Humanos na PMMT, que usou a tribuna da Câmara de Cuiabá, na sessão de terça (18), para defender a aprovação de um projeto de lei do vereador Fellipe Corrêa (Cidadania), que visa a criação de grupos reflexivos para homens autores de violência contra a mulher.

Emirella contou sobre a experiência com grupos reflexivos em outro município do estado e na própria PM. Ela aproveitou para explicar como pensam os homens que agridem mulheres e qual o impacto da participação deles nos grupos.

“Certa vez, uma delegada estava interrogando um agressor e ele disse a ela: Será que eu vou ter que mostrar minha certidão de casamento para a senhora entender que estou batendo na minha mulher e não na mulher dos outros? É esse tipo de mentalidade que precisamos combater e o projeto do vereador Fellipe Corrêa vai ajudar”, afirmou.

Em sua fala, o parlamentar “convocou” os vereadores que compõem a Câmara de Cuiabá para que votem pela aprovação do projeto, pois se trata de uma contribuição para uma sociedade melhor.

“Os grupos servem para despertar agressores para o absurdo das suas condutas. Sei da importância da mentalidade e da construção de um ambiente familiar mais saudável. A tenente-coronel Emirella nos expôs que, hoje, o Poder Judiciário em Cuiabá não tem para onde enviar os agressores, conforme a Lei Maria da Penha, para participar desses grupos reflexivos… é daí que surge este projeto”, explicou o vereador.

Segundo esclareceu na tribuna da Câmara a militar, “o grupo reflexivo não é palestra – é um processo psicoeducacional com participação ativa do homem, saindo da postura de mero ouvinte”.

“Não estamos falando de grupos para o bem do agressor. Estamos falando de grupos reflexivos para o bem das famílias para onde eles voltam, para o bem das próximas mulheres com quem eles venham a se relacionar, para a segurança delas, e para o bem dos seus filhos – pois uma criança que cresce em uma família onde há violência contra a mulher, se for menina, tende a se submeter a relações onde é agredida e, sendo menino, o risco é seguir o exemplo do pai e se tornar agressor no lar”, afirmou o parlamentar.

O objetivo é promover a reflexão dos autores de violência contra mulheres e apontar comportamentos que influenciam nas questões de gênero.

“Tais fatores interferem na sua vida, nas suas relações afetivas, pessoais e profissionais. A mudança é uma escolha do homem e nós podemos ajudar por meio dos grupos. É a possibilidade de resgatar famílias, promover mudanças, precisamos ouvir a voz masculina que não compactua com a violência doméstica e é isso que o vereador Fellipe Corrêa está propondo, colocando seu trabalho, seu espaço de fala para o enfrentamento da violência doméstica. É uma fala qualificada e assertiva, o vereador mostra que não está na superficialidade”, concluiu a coordenadora da Polícia Comunitária.

Apoio no Judiciário – O corregedor-geral da Justiça, desembargador Juvenal Pereira, recebeu o vereador por Cuiabá, Fellipe Corrêa, que propôs projeto de lei para autorizar o Poder Executivo a criar grupos reflexivos para homens autores de violência contra a mulher. A reunião ocorreu na Corregedoria-Geral da Justiça, quarta (12). Na oportunidade, o desembargador declarou apoio ao projeto e revelou que irá incentivar a iniciativa em outras comarcas.

 
Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
 

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