Opinião

A gema do ovo. Ou melhor: o Zema de novo, e de olho em 2026

Governador de Minas Gerais quer se o centro brilhante de uma extrema-direita bolsonarista e branca que jamais irá aderir a Lula

CNN/Reprodução

No dia 1º de julho, Romeu Zema(Novo), governador reeleito de Minas Gerais, publicou no Instagram a frase:

“Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do indivíduo”.

A frase é atribuída ao ex-ditador italiano Benito Mussolini, o inventor do fascismo e aliado de Hitler na 2ª Guerra Mundial. Zema teve que se explicar, mas foi notícia durante vários dias.

Voltou a ser notícia no dia 27 de julho ao publicar outra frase, esta atribuída ao ex-presidente americano James Madison (1751-1836):

“Democracia é o direito das pessoas escolherem o próprio tirano”.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último sábado, Zema pregou a união dos Estados do Sul e Sudeste para lançar um candidato de direita à sucessão de Lula em 2026.

Por que uma união apenas dos Estados do Sul e do Sudeste? Porque Zema disse antes que o “o país que trabalha não quer mais sustentar o que não trabalha”, em referência ao Nordeste.

Lula foi eleito em 2022 porque o Nordeste em massa votou nele. No primeiro turno, Lula derrotou Bolsonaro em Minas por 48,43% a 43,2% dos votos válidos. No segundo, por 50,2% a 49,8%.

Zema evitou declarar apoio a Bolsonaro no primeiro turno para não perder eventuais votos petistas, e assim se reeleger governador. No segundo, tirou a máscara e apoiou Bolsonaro.

Zema, em 2026, se quiser continuar na política (e ele quer), ou será candidato ao Senado ou à sucessão de Lula. Ele quer o apoio de Bolsonaro para tentar impedir que Lula se reeleja.

Daí o discurso em defesa da união do Sudeste e do Sul contra o Nordeste, onde Lula, uma vez presidente, deverá se fortalecer ainda mais. O país que trabalha contra o que não trabalha.

O Nordeste trabalha tanto ou mais do que qualquer outra região do país, mas isso não importa para Zema. O que vale é o discurso político e eleitoral que simplifica realidades complexas.

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) saiu em defesa de Zema, alvo de críticas dos governadores do Nordeste. O discurso separatista de Zema é um ensaio da extrema-direita para 2026.

Ricardo Noblat é jornalista

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