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Agora, a Hyundai do Brasil se tornou dona do seu próprio destino. A fabricante sul-coreana passa a controlar tanto a produção quanto a importação e a distribuição, atividades que eram compartilhadas de com o Grupo Caoa, que representou a marca no país nos últimos 25 anos. A partir de agora, o SUV médio Tucson e o utilitário HR terão a produção incrementada na fábrica da Caoa Anápolis, sob encomenda da Hyundai, e as mais de 250 concessionárias da marca passarão a vender toda a gama – 40 delas da Caoa. “ Todo o portfólio global da Hyundai terá sua comercialização no Brasil agilizada, respondendo ao momento atual, de elevada competitividade e crescente eletrificação do setor automotivo”, diz Airton Cousseau, presidente e CEO da Hyundai Motor Brasil e Hyundai Motor Américas Central e do Sul.

Os primeiros modelos a chegar serão o SUV de grande porte Palisade e o hatch médio 100% elétrico Ioniq 5, ambos no segundo semestre desse ano. Ainda nos próximos meses está prevista a chegada de mais dois modelos, sendo que um deles será em 2024 e outro em 2025, mas ainda não foi definido qual será qual. Um deles é a quinta geração do SUV médio-grande Santa Fe, que foi vendido na versão de quarta geração no Brasil até 2020. O outro é a segunda geração do hatch médio-compacto Kona, que atualmente tem o modelo de primeira geração vendido pela Caoa, nas versões híbrida e elétrica. A Hyundai não divulgou data definitiva nem os preços de seus novos modelos. Com a nova gama, a marca coreana vai passar a atuar em todos os segmentos de SUVs, com Creta, Tucson, Santa Fe e Palisade e ainda brigar entre hatches elétricos e híbridos médios e médios-compactos.

A história de um desacordo

Apesar da longa parceira, a relação das duas empresas teve momentos de animosidade. Quando a Caoa assumiu a Hyundai em 1999, a marca sul-coreana era pouco relevante mundialmente e despertava a desconfiança dos consumidores do Brasil. A Caoa, então, adotou uma agressiva campanha de marketing, publicando anúncios em horário nobre das tevês e nas primeiras páginas dos principais jornais do país. Também fez uma aposta bem-sucedida em um nicho pouco relevante até ali, com o SUV médio Tucson. Como obteve uma boa aceitação, o modelo que passou a ser produzido em Anápolis, onde é feito até hoje, juntamente com o utilitário HR. Na esteira desse sucesso comercial, vieram o hatch médio i30, o sedã médio Elantra e o sedã médio-grande Azera.

Foi nesse ponto que a matriz da Hyundai se interessou em ingressar diretamente no mercado brasileiro e fez um acordo com a Caoa para que pudesse construir uma fábrica em Piracicaba, onde produziria os modelos compactos HB20, HB20S e Creta. Agora, como uma marca consolidada e prestigiada pelo trabalho da Caoa, os compactos se tornaram um fenômeno de vendas em tempo recorde. O grupo brasileiro então manteve o controle sobre a importação, com direito de produzir alguns veículos e fazer a distribuição desses modelos em uma rede de concessionários independente. Quando o acordo iria completar o prazo, em 2018, a Hyundai revolveu denunciar o contrato, com a intenção de assumir o controle total da marca.

Acontece que havia cláusulas que se fossem cumpridas garantiam à Caoa o direito de renovação. O caso foi parar na justiça e o Grupo Caoa saiu vitorioso. Mas a partir daí, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade ficou desinteressado em trabalhar a marca sul-coreana e passou a se dedicar com mais afinco à parceria com a chinesa Chery – com quem tem um acordo de controle absoluto sobre a marca no país. Para dar uma ideia do decaimento da Hyundai Caoa, em 2018, quando iniciou o litígio, o Tucson de primeira geração e o ix35, que era o Tucson de segunda geração, venderam juntos 13.704 unidades. Em 2023, o Tucson de terceira geração vendeu no ano apenas 299 unidades. Com o HR aconteceu coisa bem parecida. Em 2018 foram 4.310 emplacamentos contra os 174 de 2023.

A conclusão óbvia é que todos estavam perdendo com a situação. A Hyundai ficava engessada tanto para produzir novos modelos quanto para importar e o Grupo Caoa faturava pouco, apesar do enorme potencial da fabricante, que hoje é o 4º maior fabricante e a 6ª marca de automóvel mais valiosa do mundo, cotada em pouco mais de US$ 20 bilhões. Mas um acordo dificilmente seria firmado enquanto Carlos Alberto de Oliveira Andrade estivesse à frente do grupo. Com a morte do empresário paraibano em 2021, abriu-se a possibilidade do acerto que foi feito e a Hyundai já deixou claro que tem uma certa urgência para estar inteira no mercado brasileira.

Os modelos da Hyundai para o Brasil

Ioniq 5 – O hatch médio é o representante mais ilustre da submarca de eletrificados Ioniq. Em 2022, foi eleito, entre outras premiações, como o Carro do Ano e Melhor Design do Ano. Construído sob a plataforma global de veículos elétricos da Hyundai E-GMP e é animado por dois motores elétricos: um dianteiro de 101 cv e um traseiro de 224 cv, com potência combinada de 305 cv e torque combinado de 61,7 kgfm. A bateria é de 72,6 kWh, que segundo a marca proporciona uma autonomia de 500 km no ciclo WLTP (350 km no ciclo InMetro). A Hyundai prevê que a briga será com o Volvo C40 e deve custar em torno de R$ 400 mil.

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Hyundai Kona – Nesta segunda geração, o hatch médio-compacto cresceu e passou a ter dimensões similares ao do Renault Megane E-Tech, com quem vai brigar no Brasil na versão 100% elétrica – ele será trazido também na versão híbrida. A lista de rivais é grande e vai de Volvo EX30 a Peugeot e-2008, passando por Toyota Corolla Cross híbrido. A Hyundai estuda trazer duas configurações do modelo elétrico, um com 135 cv e bateria de 48,6 kWh e outro de 205 cv e bateria de 64,8 kWh – com autonomia no padrão InMetro de 270 e 360 km, respectivamente. Na versão híbrida, o motor térmico seria o 1.6 litros GDI com 105 cv e o elétrico teria 43,5 cv, com potência combinada de 141 cv e torque combinado de 27 kgfm. O valor do modelo 100% elétrico deve começar em torno de R$ 250 mil enquanto o híbrido deve custar perto dos R$ 200 mil.

A próxima geração

Santa Fe – O SUV médio-grande chega provavelmente no início de 2025 com um design ousado, marcante e atraente. A Hyundai aponta como rivais os modelos Jeep Commander, Chery Tiggo 8, Honda CR-V e também SUV mais utilitários como Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero Sport. Lá fora, o modelo tem três motorizações disponíveis: 2.5 GDI com 194 cv, 2.5 TGDI com câmbio de dupla embreagem com 281 cv e 1.6 TGDI com câmbio de dupla embreagem e 235 cv.

Santa Fé sob novos ângulos

Palisade – Trata-se de um SUV grande que vai chegar na versão de oito lugares. Ele é considerado flagship da marca – um símbolo de luxo e tecnologia – e nos Estados Unidos ele briga com rivais de peso como Chevrolet Traverse e Volkswagen Teramont. No Brasil vai encarar o Jeep Grand Cherokee e o Land Rover Discovery e deve custar em torno de R$ 600 mil. Outros detalhes estão na avaliação na sequência.

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O SUV médio-grande Palisade foi pensado pela Hyundai para servir de parâmetro de luxo e tecnologia da marca. Ele foi lançado mundialmente em 2018 e passou por um face-lift em 2022, quando ganhou sua atual frente, novo interior um enorme pacote de recursos tecnológicos, focados no conforto e segurança.

 

Com as alterações externas, o conseguiu, de fato, uma imagem mais moderna. Foram redesenhados para-choques, grade, faróis, luzes diurnas, rodas e retrovisores. Por dentro, o Hyundai Palisade recebeu atualizações para tornar a viagem dos oito passageiros mais agradável e confortável, com novo painel integrado à tela da central multimídia – com 12,3 polegadas cada – retrovisor digital, carregador sem fio duplo, além de um novo visual.

 

Onde não houve mudanças foi sob o capô. O motor é o mesmo V6 com 3.8 litros, com 295 cv e 36,2 kgfm. Essa força é transportada por uma transmissão automática de oito marchas com conversor de torque e oferece configurações de tração nas quatro rodas. Para aumentar a proteção aos passageiros, o Hyundai Palisade conta com tecnologias como alerta de colisão frontal, controle de cruzeiro adaptativo que interage com os dados de navegação – como velocidade, ângulo de curva, etc.

Conta também com assistente de condução em autoestrada, que monitora os veículos no entorno e pode até mudar de faixa no caso de uma aproximação considerada insegura. Tem ainda alerta de colisão traseira com frenagem autônoma e assistente de estacionamento inteligente remoto.

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Um veículo como o Hyundai Palisade combina muito bem com uma viagem em grupo. É bem verdade de apesar de dispor oficialmente de oito lugares, os três lugares da terceira fileira só serão agradáveis na sua lotação máxima para crianças, uma vez que o piso é muito elevado naquele ponto. Pela boa largura, há espaço suficiente para que até dois adultos se ajeitem ali. Já o porta-malas oferece 180 litros de capacidade, mesmo com os oito lugares disponíveis. Para uso urbano, pode ser bem suficiente.

 

Definitivamente em rodovias é onde o Palisade tem melhor desempenho. O V6 de 3,8 litros não é brutal, mas entrega a potência de forma consistente e permite que se alcance bons ritmos na estrada ‑ bem acima até do que é permitido por lei. A transmissão é excelente, com mudanças praticamente imperceptíveis, mas muito rápida.

 

Por outro lado, a suspensão tem um ajuste totalmente voltado para o conforto, é suave e, embora filtre eficientemente as imperfeições da estrada, também produz mais rolagem da carroceria do que seria ideal. Do lado não tão positivo, é o pouco refinamento da suspensão em relação aos ruídos, pois nos outros aspectos o isolamento acústico pareceu bem eficiente.

 

No interior, o ambiente é excelente, as cores e texturas são agradáveis e o conjunto painel/central multimídia dá um aspecto muito moderno em termos de design. Além disso, nada falta. O áudio é Harman/Kardon e tem carregador sem fio, teto solar, controle climático de 3 zonas, rebatimento e avanço elétrico do banco da segunda fileira, para abrir espaço para a terceira fileira.

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