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Bar do Zé

No dia 06 de junho de 2020 recebi 18 imagens virtuais, as quais eram as mais recentes obras do artista plástico Wander Melo, para apreciação. Eram suas produções poéticas externadas de dentro da bolha do distanciamento social.

Fiz uma viagem pictórica como se estivesse numa exposição do artista e me vi parado contemplando a belíssima tela “Bar do Zé”, como se estivesse no lugar de cada um dos humanos ali descritos, uma verdadeira poesia: ora cliente, ora dono do buteco, ora bêbado, ora lúcido, ora degustando a cerva, ora bolas…

Com medo da recaída, pois sou alcoólatra não praticante, fito um todo, sem olhar muito para o serviço de abastecer o copo pelo Zé do Bar do Zé. Claro que deu saliva na boca pensando no líquido pastoso amarelo e gelado, acompanhado de azeitonas pretas para contrapor o sabor. Ficou na imaginação, com as máscaras caindo.

Reporta-nos a pensar sobre a limitação humana, o desprazer do recolhimento social e o inconveniente que é não poder ter a convivência social tão aprazível ao ser humano. A tela também denota que ali podemos ser livres, ter o direito de ir, vir e ficar, de entretenimento e de jogar uma boa conversa fora.

E, para não dizer que também aproveitei o momento para produzir algo – sempre faço alguma coisa sobre as obras deste virtuosíssimo brasileiro -, fiz. Ei-la:

 

PROCURANDO UMA VACINA

 

Até no boteco

tem fila,

distanciamento,

a profilaxia perfila.

 

Tempo de pandemia,

de máscara,

de gel, de cuidados,

encobre, mascara.

 

Serve

a dose certa.

Cão e gato,

amizade incerta.

 

Árvore,

sinuca,

buracos,

butuca.

 

Líquida,

pastosa,

gelada,

gostosa.

 

Torto e tonto,

troco o taco.

Logo depois,

só o caco.

 

Hermélio Silva – Formado em Marketing, escritor  e

Membro fundador da Academia Rondonopolitana de Letras – ARL,

cadeira nº 06. 

 

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