Opinião

Alexandre de Moraes está sob pressão militar para soltar Mauro Cid

Acabou a carreira do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, mas não a solidariedade dos seus colegas de farda

Hugo Barreto/Metrópoles

Hugo Barreto/Metrópoles

O Alto Comando do Exército pressiona o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para que solte o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, preso há mais de 70 dias, suspeito de ter cometido uma série de crimes, entre eles, o de tentar derrubar a democracia.

Mauro Cid está numa dependência confortável no QG do Exército, em Brasília. Recebe visitas diárias, circula à vontade por onde pode, é saudado pelos amigos, nada lhe falta – salvo voltar para a companhia da família, em casa. Seu pai, um general da reserva amigo de Bolsonaro, incita os ex-colegas de farda a libertá-lo.

Alexandre de Moraes resiste à pressão. Alega que a Polícia Federal continua investigando fatos que incriminam Mauro Cid, e que ainda não chegou a hora de pô-lo em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. É isso o que fará mais adiante. Como fez com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.

Na casa de Torres, foi encontrada uma minuta do golpe que Bolsonaro cogitou aplicar para impedir a posse de Lula; na memória do celular de Mauro Cid, outra minuta, e mensagens trocadas por ele com militares da reserva. A carreira militar de Mauro Cid acabou, e ele bem sabe disso.

A de Bolsonaro acabou em 1986, quando ele deixou o Exército, mediante acordo, acusado de conduta antiética por ter planejado atentados terroristas contra quarteis. Ganhou a patente de capitão para ir embora caladinho. Até que voltou, como presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas.

Ricardo Noblat é jornalista

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