Polícia

Cuiabá: estupro e assassinato de jovem completam 30 anos de impunidade.

…o corpo da jovem foi encontrado em um terreno baldio próximo à escola…

Francisco das ChagasDoce, gentil e esforçada. Essas são características sempre lembradas por pessoas que eram próximas de Christiane Augusta de Moraes Correa, 21, foi assassinada há exatos 30 anos.

O caso, que chocou Cuiabá na década de 1990, nunca foi solucionado pela Justiça, deixando em liberdade qualquer pessoa que tenha tido envolvimento com o crime.

Conforme noticiado pela imprensa na época, Christiane saiu da faculdade de Fisioterapia, no período da tarde, pegou o ônibus para voltar para casa e depois que desceu do coletivo, já próximo a uma escola do bairro Cohab Nova, foi vista pela última vez com vida.

No dia seguinte, já na manhã de 10 de dezembro de 1992, o corpo da jovem foi encontrado em um terreno baldio próximo à escola. Com a investigação, veio à tona a notícia de que Christiane havia sido estuprada antes da execução por mais de um suspeito.

Marcas encontradas sob a unha da vítima revelavam que Christiane lutou pela vida. À época, um ex-namorado chegou a figurar como suspeito do crime. Porém, em março de 1993, dois feirantes foram apresentados à polícia como culpados do assassinato e acabaram presos.

Ed Carlos da Silva Eregipe, 19, e Eduardo Alvim de Miranda, 23, popularmente conhecido como “Orelhinha” apontaram José Ferreira da Silva como mandante do crime. Contudo, algum tempo depois, ambos relataram terem sido torturados para assumirem a culpa pelo estupro e assassinato da jovem.

A possibilidade de envolvimento dos feirantes sempre foi duvidada pela família. Longe das investigações oficiais, rumores apontavam que os verdadeiros culpados eram “figurões”, supostamente pessoas com poder e de famílias ricas da época. Neste contexto, sem provas que atribuíssem culpa à dupla, o juiz Rondon Bassil absolveu os dois réus em julho de 1997.

Reportagem do jornal A Gazeta apontou que, para o irmão de Christiane, João Batista de Moraes Correa, os dois feirantes foram apenas “bodes expiatórios”. Mansueto Rodrigues Correa, pai da vítima, também não acreditava na culpa dos trabalhadores. “Os dois não tinham nada a ver com o crime. Pagaram por uma coisa que não fizeram”.

No final de 1997, o caso foi reaberto pela Polícia Civil e retornou ao ponto inicial. Na data, a polícia encaminhou para análise lâminas com DNA colhido nas partes íntimas da jovem para verificar a presença de espermatozoide.

Segundo a cobertura da imprensa na época, o então delegado Olinto Oliveira solicitou a exumação do corpo da jovem após sumiço das lâminas que continham o DNA coletado na vítima. A investigação em torno do assassinato se arrastou por mais alguns anos, mas, em abril de 2007, a promotoria de Justiça pediu o arquivamento do caso.

A alegação foi de que a vítima era menor de 21 anos à época e, pelo período transcorrido, o caso já havia prescrito, o que tirava o direito do Estado de proferir punições a quem fosse responsável pelo crime.

Amiga da família e ex-cunhada de Christiane, Francisca Amorim afirmou à reportagem que o sentimento de todos em relação ao caso é de tristeza. Para a idosa, a indignação foi aumentada pelo fato de que as pessoas culpadas supostamente foram encobertas pelas autoridades da época.

“Eu pontuaria, na verdade, em 3 partes, o primeiro pelo feito. O segundo pela falta da Justiça. Fazer mesmo a justiça, porque até a data de hoje ninguém pagou nenhum dia. E o terceiro foi tentar encobrir com aqueles dois jovens, que não tiveram defesa”, disse. “O que dói mais é a falta da Justiça”, finalizou.

Gazeta Digital

Francisco das Chagas

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