Opinião

Um sinal de que os militares querem pacificar suas relações com Lula

Insubordinação começa a ser sufocada

Igo Estrela/Metrópoles

Uma vez de direita, de direita sempre. Mas daí a se inclinar para a extrema-direita não seria bom para ninguém, nem para eles donos das armas, nem para o país que dizem proteger como manda a lei.

O brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Força Aérea Brasileira, teve a ideia de renunciar ao posto antes de Lula tomar posse. Pretendia assim mostrar seu desapreço por ele.

Bolsonarista de carteirinha, o brigadeiro até marcou a data de sua retirada: 23 de dezembro. Os comandantes do Exército e da Marinha emitiram sinais de que o acompanhariam no protesto.

Nunca na história do país algo parecido aconteceu. É prerrogativa do presidente eleito indicar os comandantes das três Armas. E ele só o faz depois de empossado. A tradição seria quebrada.

É possível que não seja. Em reunião nesta semana, o Alto Comando do Exército concluiu que a antecipação da troca nos comandos esgarçaria ainda mais a relação dos militares com Lula.

O Alto Comando do Exército é formado por 16 generais. Sua decisão, segundo a Folha de S. Paulo, foi comunicada à Marinha e à Força Aérea Brasileira e deverá ser seguida por seus comandos.

De certa forma, a decisão responde ao movimento feito por Lula de antecipar o anúncio oficial dos nomes do próximo ministro da Defesa e dos futuros comandantes militares. Ocorrerá em breve.

José Múcio Monteiro Filho, ex-ministro de Lula e ex-presidente do Tribunal de Contas da União, será o ministro da Defesa. É uma indicação de que haverá poucas mudanças na área militar.

Lula prometeu devolver aos quartéis ou ao pijama da reserva os cerca de 8 mil militares que ocupam cargos no governo Bolsonaro. Não se sabe se o fará de uma só vez ou se aos poucos.

Ricardo Noblat é jornalista

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