Política

Mesmo após pronunciamento de Bolsonaro, manifestantes mantiveram bloqueio em Rondonópolis

O presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu na tarde desta terça-feira (01) o silêncio, que durava quase dois dias, desde que foi derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele afirmou que “manifestações pacíficas são bem-vindas”, mas criticou atos de violência e disse que “o direito de ir e vir” da população deve ser preservado. Apesar do pronunciamento, em Rondonópolis os manifestantes não aceitaram o apelo das forças de segurança para desobstruir um trecho onde as BRs 163/364 se sobrepõem.

O pronunciamento ocorreu no hall de entrada do Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo federal, e durou cerca de dois minutos. No mesmo evento o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciou o início do processo de transição – reconhecendo na prática a legitimidade da eleição de Lula.

Logo após a fala do presidente, representantes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Polícia Militar foram até o ponto de bloqueio em Rondonópolis para negociar com os manifestantes. O chefe da delegacia local da PRF, Inspetor Donizete Aparecido Alves de Souza, foi o interlocutor.

Um manifestante alegou que o protesto era protegido pela Constituição e perguntou se os policiais iriam cumprira a ordem de um juiz (do STF) ou o ‘desejo da população que paga impostos’. O inspetor respondeu que a obrigação das forças de segurança era garantir o cumprimento da lei e proteger os direitos de todos.

“Vocês estão aqui entre 500 a mil pessoas, mas a cidade (de Rondonópolis) tem mais de 200 mil habitantes e esse protesto atinge mais de três milhões de mato-grossenses. O bloqueio afeta o transporte de combustíveis e alimentos para as cidades, fertilizantes para a produção agrícola. Já está começando a faltar coisas nas cidades e, a cada dia de prolongamento, é menos riqueza para o nosso Brasil”, ponderou Donizete.

Os policiais explicaram que já há uma determinação judicial para a liberação das vias e pediu que os manifestantes retirassem pneus, areia e outros materiais usados para impedir a passagem de veículos. “Vocês podem continuar o protesto, mas no acostamento. Se preciso vamos usar a força para liberar a pista”.

Ao deixar o local acompanhado dos outros policiais, o inspetor Donizete explicou que será dado um tempo para que os manifestantes reflitam e atendam o pedido de forma pacífica. Ele não especificou o prazo, mas reafirmou que a ordem judicial será cumprida.

NEGOCIAÇÕES

A negociação com os manifestante ocorreu em dois momentos. Primeiro os policiais conversaram com pessoas que pareciam ser os líderes da manifestação. Eles usaram microfones e, apesar dos apelos insistentes, não conseguiram um acordo.

Na linha de frente dos manifestantes estavam pessoas que se apresentaram como caminhoneiros.  Entre eles estava também o controlador interno da Câmara Municipal de Rondonópolis, Magno Pereira da Silva. Não foi possível confirmar se ele representava o Poder Legislativo no momento ou se está em férias e participou do evento por decisão pessoal.

Após esta primeira etapa, já na saída do local, o inspetor Donizete foi interpelado também por fazendeiros e empresários conhecidos na cidade. Eles pediram que os policiais não impedissem a continuidade do bloqueio.

Uma empresária chegou a dizer que o policial não iria perder nada se ficasse ao lado do protesto. “Não estamos aqui para ganhar nada, viemos cumprir a lei”, rebateu imediatamente o inspetor da PRF.

Donizete reafirmou que o objetivo é garantir o cumprimento da ordem judicial de forma pacífica e alertou que toda a força de segurança está unida.

Durante a noite circularam nas redes sociais um convite para uma manifestação nesta quarta-feira, informando que o grupo também deverá ir até o quartel do Exército (18 GAC) que fica próximo ao local do bloqueio.

Eduardo Ramos/RegionalMT

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