Enquanto os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Mato Grosso tentam ressuscitar o debate ideológico que caracterizou as eleições de 2018, seus adversários têm destacado os resultados do próprio governo para justificar a necessidade de derrota-lo nas eleições deste ano. Nesta semana o ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (MDB), e o mega-produtor rural Eleusmar Maggi citaram exemplos práticos para justificar a rejeição ao atual presidente.

Para Percival, o discurso radicalizado dos bolsonaristas, tentando incutir o medo de uma suposta ‘ameaça comunista’, tenta evitar o debate sobre os problemas reais e a crise que assola o país.

“Na verdade a principal questão hoje é o combate à fome e à miséria produzidas por um governo desastroso, que liquida a economia nacional e vende o patrimônio do país. Eles não geraram novas oportunidades, deixaram a economia travada para a grande maioria. Estão dilapidando um patrimônio que o povo brasileiro construiu com muito sacrifício”, reclama.

Em entrevista ao RegionalMT, Percival Muniz lembrou que o Brasil deve crescer este ano menos de um por cento, perdendo para todos os países da América Latina. Segundo ele, apenas uma pequena elite consegue grandes lucros com o preço das comodidties e os juros altos, enquanto o restante da população engrossa as estatísticas de pobreza.

“Eles (o governo) só falam em vender o que é do povo, não tem projeto para o crescimento da nação. Não restou oportunidades para as pessoas. Hoje ninguém consegue, por exemplo, montar um comércio ou comprar um caminhão porque os juros estão nas alturas”, explica.

“A população ficou excluída. Resta o estudo, que também está cada dia mais caro, ou a fila do osso. É o que sobrou, não há espaço para empreender. Agora é o osso e o pé do frango. A nação está até sem fonte de proteína, já que a maior parte do que é produzido vai para alimentar bovinos, suínos, equinos e similares em outros países”, lamentou Percival.

MAU EXEMPLO

O descontentamento com a economia e a falta de planejamento também sustenta as críticas de grandes empresários do Agronegócio, setor que em 2018 apoiou maciçamente a eleição de Bolsonaro. É o caso do áudio atribuído ao empresário Eleusmar Maggi, que viralizou nesta semana.

Eleusmar é um dos proprietários do grupo Bom Futuro, um dos maiores produtores de grãos do planeta. No áudio, extraído de um debate travado em grupo de Whatsapp, ele compara a política de crédito para a construção de armazéns no governo petista e no atual – que agora cobra dos produtores taxas de juros três vezes maiores

“Que fria esse presidente (Bolsonaro). Se ele fosse bom tinha dado uma verba para comprar armazém, como o PT deu, com jurinho de 2,5%, com três anos de carência e 13 anos para pagar”, disse ele, lembrando que hoje tem produtor de milho deixando a produção ao relento por falta de armazéns.

No áudio viralizado há também uma crítica ao hábito do presidente de organizar motociatas, passeando com os amigos e apoiadores enquanto a crise se agrava.

“Agora (temos) esse presidente motoqueiro. Não passa de um simples motoqueiro, dando mal exemplo para a nação ainda”, disparou.

Eduardo Ramos – RegionalMT