Opinião

Bolsonaro faltou à aula sobre a História como tragédia e caricatura

Quem não estuda, não sabe

Se bem-sucedido nos seus ataques à democracia, Bolsonaro, defensor da tortura e da ditadura, se reelegerá em outubro. Se não, a exemplo do que aconteceu com Donald Trump nos Estados Unidos, irá para casa com o discurso de que lhe roubaram a vitória, de que houve fraude, e de que em breve ele voltará.

À falta de ideias próprias e de um modelo que mais lhe agrade, Bolsonaro copia Trump e se apresenta como um clone tropical dele. Disso, Trump gostava e dava boas risadas. Citou-o uma vez como o Trump da América Latina. Bolsonaro e seus filhos, rasos como um pires, não se dão conta de que a receita não funcionará.

Os Estados Unidos têm basicamente dois partidos, o Democratas de Joe Biden, e o Republicanos de Trump. Aqui, é a sopa de letrinhas de 33 partidos que, esta semana, cresceu um pouco mais. Trump perdeu a eleição há dois anos, mas não o Republicanos, que deverá ganhar as eleições para o Congresso.

Bolsonaro se elegeu pelo PSL, depois o abandonou. Antes, como deputado federal durante 30 anos, filiou-se a 7 partidos. Tentou criar o seu, fracassou. Para não cair, rendeu-se a uma federação informal de partidos fisiológicos, o Centrão, e virou refém dela. Aderiu ao PL de um ex-mensaleiro, mas o PL não aderiu a ele.

Por conveniência, o Centrão diz que apoia Bolsonaro, mas na verdade só o fará, parcialmente, enquanto ele for dono da caneta mais carregada de tinta do país. Os presidentes da República passam, é o que ensina a História, mas o Centrão, não; divide-se e reagrupa-se adiante para seguir governando.

A eleição de 2018, tal como se deu, jamais se repetirá, foi um acidente. O líder de todas as pesquisas de intenção de voto, Lula, estava preso em Curitiba, e o candidato que se elegeu sem dinheiro, sem propaganda, isolado de partidos, foi esfaqueado às vésperas do primeiro turno e baixou ao hospital.

O líder de todas as pesquisas de intenção de voto, hoje, está solto por decisão do Supremo Tribunal Federal. Foram anuladas suas condenações e arquivados os processos que respondia. Disputou 5 eleições presidenciais e venceu duas. Elegeu e reelegeu seu sucessor. Faz campanha no modo pastor de almas. Ódio, não!

Bolsonaro é presidente; governou por três anos e mostrou que não sabe governar. Fez pouco, tão pouco que insiste em dizer, especialmente no Nordeste, que o mais importante é concluir obras, a dos outros. Mais de 60% dos brasileiros dizem não confiar em sua palavra, e 61% se recusam a votar nele.

É esse indivíduo que pensa em vencer, e se não vencer, sair no lucro mesmo assim com chances de voltar depois de 4 anos? Conta outra.

 

Ricardo José Delgado Noblat é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, Noblat foi editor-chefe do Correio Braziliense e da sucursal do Jornal do Brasil em Brasília. Atualmente, Noblat mantém um blog, o Blog do Noblat, no jornal Metrópoles.

 

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