Opinião

Opinião: Lugar de lunático é no hospício e de arruaceiro institucional, na cadeia

Totalmente fora do prumo e de controle, presidente Jair Bolsonaro precisa ser imediatamente afastado do cargo

Se o presidente da República resolveu dar uma de Nero, que vá então incendiar o próprio quintal(foto: Sergio Lima / AFP)

É isso! Não dá mais!

 Somos uma das dez maiores economias do planeta; mais de duzentos milhões de habitantes; um dos maiores parques industriais do ocidente; o maior produtor mundial de proteína animal e um dos maiores produtores mundiais de commodities minerais e agrícolas. 

Se o presidente da República resolveu dar uma de Nero, que vá então incendiar o próprio quintal, lá na zona oeste do Rio de Janeiro, ao lado do Queiroz e de seus amigos milicianos, que é de onde jamais deveria ter saído para infernizar o País, como vem fazendo desde janeiro de 2019

Não é mais possível, em meio a uma pandemia sem precedentes nos últimos cem anos, com quase 600 mil mortos, e uma crise econômica que combina inflação de dois dígitos com o desemprego de 15 milhões de pais e mães de família, ficarmos todos os dias à mercê de Jair Bolsonaro.

O sujeito não governa desde que assumiu. Seu único afazer diário é destruir o alvo da hora, seja lá qual for. A destruição é tudo o que importa para este doente mental. Um dia investe contra o combate ao coronavírus, no outro, contra STF e Congresso, para, no limite, investir contra a democracia.

Ataca a Suprema Corte, mas nela se socorre em busca de proteção para o filho, o senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais. Ataca o Congresso, mas entrega o governo e a chave do cofre para o que há de pior no tal do Centrão. Prega golpe todos os dias, mas fala em ‘ditadura da toga’.

Um presidente pode muito, mas não pode tudo. Quem o sustenta, e a todo o aparato institucional do Estado Democrático de Direito, somos nós, os cidadãos comuns, os maiores prejudicados nessa pelada de quinta divisão de várzea em que se transformou o País desde que o trombadinha institucional foi eleito.

Chega! Basta! Precisamos de governo, e não de arruaça. Precisamos de reformas profundas, e não de CPIs inúteis. Precisamos de políticos, e não de um bando de aloprados incapazes. Precisamos de vacinas, empregos, renda e, se não for pedir muito, um pouco de sossego. Ninguém aguenta mais!

Bolsonaro conseguiu tornar a Covid-19 um de nossos menores problemas. Hoje, discutimos – meu Deus! – democracia. Discutimos o voto impresso com contagem manual. Discutimos eficácia de cloroquina. Ou se máscara e distanciamento social funcionam. Que diabo de país é esse, afinal?  

É como se o gás de cozinha não custasse mais de cem reais o botijão. Como se o consumo de proteína não fosse o menor dos últimos 20 anos. Como se milhões de crianças e adolescentes não estivessem sem aulas há um ano e meio. E como se mais de 15 milhões de chefes de família não estivessem desocupados.

Sempre fomos um país de faz-de-conta, é verdade, mas chegamos a um estado de diversionismo, descolamento da realidade e fuga do enfrentamento das verdadeiras chagas sociais jamais imaginado. A política nacional, nas três esferas de Poder, é um buraco negro que draga, ano após ano, qualquer esperança de um futuro melhor.

Ricardo Kertzman nasceu em Brasília, em abril de 1967. É blogueiro do Portal UAI, colunista do jornal Estado de Minas e da revista IstoÉ, e apresentador do programa Conversa Sem Medo. Escreve sobre política e outros assuntos de interesse geral.

 

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